Galvão e Pelé; as duas antas globais
Mas agora, em pleno
século XXI, o povo, felizmente, sem regime de ditadores, mas ainda movido por
uma mídia, em sua maioria, que adora enganar e plantar o que a massa quer
ouvir, e não o que precisa. Desde aquele marcante dia 25 de janeiro de 1984,
quando quase dois milhões de pessoas tomaram o centro da capital paulista, em
pleno aniversário de São Paulo, para declarar apoio ao Movimento pelas “Diretas,
Já”, que a Globo ficou manchada em sua prática editorial. E por mais que tente
se esquivar daquela mancha, continua viva. Enquanto toda a mídia cobria o
evento como um marco na história política do país e pelo fim da ditadura e retorno
do voto direto para presidente da república, a “Vênus Platinada” mostrava em
seus telejornais o lado que o senhor Roberto Marinho queria, para atender à
vontade dos militares, que se tratava apenas de mais uma grande festa em
comemoração ao aniversário de Sampa. Lá estavam Tancredo Neves, Franco Montoro, Orestes Quércia, Fernando
Henrique Cardoso, Mário Covas, Luiz
Inácio Lula da Silva e Pedro Simon,
além de militares de baixo escalão e com salários corroídos pela inflação,
também desejando mudanças. E a Globo mostrava o que interessava ao poder.
Depois ainda tentou se justificar, ma já era tarde.
Lembro-me desse episódio após ouvir um comentário do senhor
Galvão Bueno, escória e resquício de um regime fascista, falar durante o
programa que comanda pelo canal fechado do SporTV, o “Bem, Amigos”, há duas
semanas, chamando o povo para se juntar à seleção de Felipão e Parreiras. Do
mesmo método controlador que os milicos usavam quando eu tinha 11 anos e morava
na Vila Tanque, como se já prevendo que uma onda de protestos estivesse por
chegar no país e levar multidões às ruas, como está ocorrendo hoje. Galvão
tentava despistar a massa, como se a Copa das Confederações e a Copa do Mundo
fossem a salvação de nossa nação, como ocorreu durante o governo Médici.
Situações distintas, sim, mas copiosas e perigosas. Essa relação entre poder e
Rede Globo.
E ontem, o outro direitista asqueroso, Edson Arantes do
Nascimento, ex-Pelé, vem para a televisão dizer que o povo tem de parar com
estas manifestações. Que tem sim de prestar apoio à Copa porque o momento não é
de protestar. Quanta imbecilidade e, como bem disse o Romário, “calado, Pelé é
um grande poeta”. Mas fica a minha indignação, porque a hora é agora e não
podemos esperar acontecer. E este povo ainda tenta despistar as moscas, num
país onde as prioridades não são mais samba, carnaval e futebol.
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