Perguntei a um
professor porque ele estava em greve e ele me falou durante uma hora sobre os
raciocínios tortos que os administradores usam na educação. Chamou estes
raciocínios de sofismas. Vou tentar reproduzir o que me foi dito.
O primeiro
sofisma é a interpretação que se faz sobre a lei do FUNDEB – Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação. Em vigor desde 2007, este fundo veio para promover a
valorização dos professores.
Quando
secretários e prefeito vão ao rádio dizer que o dinheiro do FUNDEB não dá para
cobrir a folha de pagamento dos professores estão dizendo uma grande bobagem: o
FUNDEB não foi criado para ressarcir os cofres municipais pelo pagamento dos
professores, o governo federal jamais tomou para si a obrigação de cobrir folha
de pagamento dos profissionais da educação de municípios. Aliás, o artigo 11 da
lei 9394 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - diz “os municípios
incumbir-se-ão de organizar, MANTER e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais de seus sistemas de ensino”... O FUNDEB deveria ser uma gratificação a
mais no salário do professor, um incentivo ao desempenho. Quem é o responsável
pela folha de pagamento dos professores é o município e não o FUNDEB. Cobrir a
folha com o FUNDEB é desviar o dinheiro da função desejada na lei 11494...
O segundo
sofisma é o plano de carreira, e este não cabe interpretação duvidosa, há pelo
menos cinco leis exigindo seu cumprimento: o artigo 206, V da Constituição
Federal, o artigo 40 da lei 11494, o artigo 67 da lei 9394, o item 10.3.1 do
Plano Nacional de Educação (lei 10172) e finalmente o artigo 6º da lei
11738-Lei do Piso Nacional do Magistério. O plano de carreira , segundo estas
leis , tem a finalidade de garantir a valorização dos professores. Um plano de
carreira é criado por lei e prevê valorização conforme a graduação do professor.
Em Monlevade, o plano de carreira, lei 920 tem seis níveis de graduação,
separados por 20% ou seja, o nível 2 ganha 20% a mais que o nível 1 e assim
sucessivamente.É aí que inicia a grande farsa.O governo federal estabelece o
valor para o nível 1, os outros níveis deveriam simplesmente seguir o que foi
determinado por lei, lembro que o plano de carreira é uma lei municipal criada
no governo de Leonardo Diniz, mas isto não acontece desde abril de 2011.
O sofisma é
este: secretários e prefeito vão ao rádio e na maior cara de pau, dizem que
estão pagando o piso que estão dentro da Lei. O raciocínio torto que não
consegue enganar ninguém , porque ele dá 7,97% para meia dúzia de professores
do nível 1 e 0% para os outros 467. Eles
conseguem transformar as maiores esperanças de valorização do professor , a lei
do piso e a lei do FUNDEB, em duas grandes mentiras.
Disse-me ainda o
professor; estamos em greve pedindo ao prefeito que cumpra a lei, nada além
disso.Veja quantas leis nos amparam, não entendo porque o Ministério Público
não toma providências, ele é quem deveria estar cobrando o cumprimento da lei
920 que só vale quando interessa a prefeitura.E os vereadores? Dizem que não
entendem bem o problema dos professores, mas nós não temos problemas: QUEREMOS
APENAS QUE O PREFEITO CUMPRA A LEI. Basta ao Ministério Público e aos
vereadores perguntar ao prefeito porque o MEC determinou um reajuste de 7,97%
para os professores e ele não deu ou deu para seis e nada para os outros. Será
que eles acreditam que o Governo Federal está privilegiando apenas alguns
professores que não puderam cursar a Universidade?
Em resumo, nesta
cidade que parece inventada por Dias Gomes, as coisas funcionam assim: o
governo federal bonzinho cobre a folha de pagamento dos professores e o governo
municipal mauzinho dá aumento só para meia dúzia de professores.
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